Fonte da image: http://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/248135/hemograma+o+que+ele+pode+indicar.htm
A
pedido de muitos internautas resolve escrever sobre a interpretação do
Hemograma, no entanto primeiro é necessário compreender o que é esse exame,
respectivamente o que ele estuda!
Hemograma
nada mais é do que a contagem de elementos que compõe o sangue, sendo esse o
exame mais solicitado na rotina laboratorial de Patologia Clínica uma vez que o
mesmo identifica, descreve, exclui , afirma ou torna-se sugestivo de uma gama
de alterações fisiológicas que desencadeiam estados patológicos (doenças).
O
sangue tem como principal função transportar o oxigênio assim como nutrientes
(glicose, aminoácidos, proteínas, gorduras, água, eletrólitos) e elementos
minerais, podemos então dizer que o sangue é responsável pela oxigenação de
todos os tecidos que juntos formam os órgãos que compõe o ser humano, regulação
homeostática e proteção do nosso corpo, de grosso modo o pulmão tem então como
função a realização de trocas gasosas.
A
composição do sangue é basicamente dividida em duas partes: uma porção celular
e outra porção líquida. Podemos definir “célula” como a menor unidade
morfofuncional que compõe um ser vivo, juntas as mesmas formam os tecidos, que
formarão os órgãos que compõe o ser humano.
A
porção celular do sangue é formada por hemácias (eritrócitos ou glóbulos
vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas que nada mais é do que
fragmentos celulares envolvidos no processo de coagulação sanguínea. A porção líquida é composta pelo plasma
sanguíneo sendo esse formado por 91% de água e 9% de proteínas, eletrólitos,
gorduras, glicose hormônios e outras substâncias.
O
volume total de sangue de um indivíduo adulto é de aproximadamente 60 mL por
cada quilograma de peso, variando geralmente de 4 a 6 litros, enquanto que em
um recém-nascido o valor é de 85 mL de sangue para cada quilograma do peso
corporal.
O Hemograma compreende então
três partes o eritrograma que avalia os glóbulos vermelhos, o leucograma que
avalia os glóbulos brancos e por fim o estudo das plaquetas. Vale ressaltar que
para realização do exame, não necessita de jejum, recomenda-se apenas que não
tenha realizado a ingestão de bebidas alcóolicas nas últimas 48 horas ou
realizado prática de exercício físico nas últimas 24 horas. Através do
Hemograma podemos identificar uma anemia, policitemia, infecções virais,
bacterianas, sugestivos para alergias, parasitoses assim como para leucemias
(câncer no sangue), permitindo ainda o estudo das plaquetas identificando o
perfil de coagulação sanguínea do paciente ou relacionando o mesmo com
determinadas doenças virais como é o caso da dengue. Dentre outros processos
patológicos descritos logo a mais. Para uma melhor compreensão iremos separar a
interpretação nas três etapas que se subdivide o hemograma.
ERITOGRAMA
Os
três primeiros dados do hemograma são hemácias em milhões por milímetro cúbico,
a hemoglobina que é uma proteína quaternária responsável pela fixação do
oxigênio e o hematócrito que é a porcentagem de sangue em relação à quantidade
de plasma presente no mesmo. Vale ressaltar que os valores de referências podem
mudar de acordo com o sexo e a idade, no entanto é só comparar os valores
encontrados na coluna da esquerda com os valores considerados normais na coluna
da direita no laudo do exame.
Hemácias:
4,0 a 6,0 milhões/mm3
Hemoglobina:
13 a 16 g/dL
Hematócrito:
38 a 50%
Quando
esses valores encontram-se reduzidos, ou seja, abaixo do valor listado como
referência indica-se um quadro de anemia, ao contrário o aumento dos mesmos
indica um quadro de policitemia.
Volume
Globular ou Corpuscular Médio (VGM): 80 a 100 fl
Hemoglobina
Globular ou Corpuscular Média (HGM): 26 a 34 pg
Concentração
de Hemoglobina Corpuscular Média (CHGM): 31 a 36 g/dL
A
diminuição do VGM caracteriza uma microcitose, assim como a diminuição do HGM e
CHGM caracteriza uma hipocromia e juntos com o quadro de anemia identifica uma anemia ferropriva, ou seja, por carência
de ferro. Enquanto o aumento do VGM caracteriza uma macrocitose e
respectivamente o HGM e CHGM caracteriza uma hipercromia identificando uma
anemia por carência de Vitamina B12 ou Ácido Fólico
Alcoolismo é uma causa de VCM aumentado (macrocitose) sem
anemia.
RDW 11,5 a 15%
O último dado constatado no Eritograma é o Índice de
Anisocitose - RDW que avalia a diferença do tamanho entre as hemácias. Quando se
encontra elevado indica que existem muitas hemácias de tamanhos diferentes
circulando, podendo ser reflexo de alterações morfológicas que podem ser
visualizadas e identificadas na microscopia, sendo comum quando há carência de
ferro onde a falta do mesmo impede a formação da hemoglobina ocasionando
respectivamente uma hemácia de tamanho menor que o normal.
LEUCOGRAMA
Como dito no início da
matéria o sangue também é composto por leucócitos responsáveis por combater microrganismos
invasores, sendo esses identificados e quantificados no leucograma. De modo
simplificado os leucócitos é o conjunto de células do sistema imunológica
responsáveis por reconhecer e atacar invasores como produzir anticorpos dentre
outras funções.
Leucócitos
4000 a 11000 células por milímetros cúbicos
Os números de leucócitos
normalmente estarão entre as faixas citadas à cima, no entanto se apresentarão
aumentados em um processo infeccioso por isso é importante ao procurar um
médico levar consigo os exames anteriores. Em pacientes com Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) a quantidade de leucócitos estará muito
inferior à quantidade citada como referência juntamente com a diminuição dos
linfócitos, enquanto que em pacientes com Reação Leucemoide e Leucemia a
quantidade de Leucócitos estarão muito superiores.
Mielócitos: 0%
Metamielócitos: 0%
Bastonete: 0 a 3%
Monócitos: 2 a 8%
Segmentados: 36 a 66%
Linfócitos: 24 a 44%
Eosinófilos: 0 a 1%
Basófilos: 0 a 1%
·
Leucocitose = aumento de leucócitos;
·
Leucopenia = diminuição de leucócitos.
No leucograma normalmente
se identifica células maduras no sangue periférico como seguimentados,
linfócitos, eosinófilos, monócitos e basófilos, no entanto em alguns quadros
infecciosos ou neoplásicos encontram-se a presença de células imaturas tais
como mieloblasto, promielócitos, mielócitos, metamielócitos e bastonetes.
Apresentam-se aumentados em:
Mieloblasto: É a célula mais imatura, pode
indicar no hemograma uma leucemia mielóide, síndrome mielodisplásica ou reação
leucemóide.
Bastonetes: Bastonetes são neutrófilos
jovens, quando ocorre uma infecção a medula óssea lança rapidamente no sangue
periférico a produção de leucócitos, quando todos os leucócitos maduros já
foram liberados na tentativa de controlar a infecção rapidamente o sistema lança
as células jovens uma vez que não há tempo de esperar que ocorra a maturação.
Um processo infeccioso com aumento de bastões ou bastonetes indica que a
infecção deve ser controlada rapidamente assim como quando acomete outras
linhagens imaturas.
Linhagem
Madura
Apresentam-se aumentados em:
Neutrófilos Segmentados: Infecção bacteriana. Quando há um
aumento de leucócitos seguidos do aumento de neutrófilos o quadro clínico
indica uma infecção bacteriana. O tempo de vida dos neutrófilos é de 24 a 48
horas, de tal modo assim que o processo infeccioso é controlado os níveis
rapidamente retornam aos valores normais.
·
Neutrofilia
= aumento do número de neutrófilos;
·
Neutropenia
= diminuição do número de neutrófilos.
Linfócitos: Processo viral em curso. Os linfócitos
representam a principal linha de defesa contra vírus e contra o surgimento de
tumores.
·
Linfocitose
= aumento do número de linfócitos;
·
Linfopenia
= redução do número de linfócitos.
Monócitos: Processos virais e bacterianos.
·
Monocitose
= aumento do número de monócitos;
·
Monocitopenia
= diminuição do número de monócitos;
Eosinófilos: Processos alérgicos, asmas ou
infecção por parasitos intestinal.
·
Eosinofilia = aumento do número de
eosinófilos;
·
Eosinopenia = redução do número de eosinófilos.
Basófilos: Processos alérgicos e inflamações crônicas.
·
Basofilia = aumento do número de basófilos.
PLAQUETAS
As
plaquetas são células responsáveis por iniciar o processo de coagulação a
partir da lesão de um vaso onde o organismo de modo grosseiro direcionara ao
local da lesão e de modo agrupado as mesmas formarão um trombo estancando o
sangramento, de tal modo é graças às plaquetas que o organismo consegue reparar
os tecidos lesados sem que haja uma perca de um volume sanguíneo considerado.
Plaquetas: 150.000 a 450.00 por
microlitro
Em
alguns pacientes valores próximos a 50.000 o organismo não apresentam
dificuldades de iniciar coagulação, sendo que abaixo de 10.000 há risco de morte
uma vez que o corpo pode sangrar espontaneamente iniciando uma hemorragia. Em
caso de dengue pode haver é queda de plaquetas, podendo essas se apresentarem
até menos de 50.000. (Vale ressaltar que após uma suspeita diagnóstica de
dengue é necessário realizar o IgG e IgM para Dengue)
A
dosagem de plaquetas é de suma importância para avaliar sangramentos sem causa
definida sendo esse de suma importância para um estudo clínico antes de
qualquer cirurgia.
·
Trombocitopenia = redução da concentração de
plaquetas no sangue;
·
Trombocitose = aumento da concentração de plaquetas
no sangue.
Em
suma o Hemograma é um exame que fornece informações sobre o atual estado do
paciente, podendo ser indicativo de diversas suspeitas diagnósticas que serão
confirmadas com exames complementares, os resultados do hemograma, variam de
acordo com o atual estado fisiológico do paciente.
Espero ter ajudado a todos os leitores há
compreender um pouco a respeito do sangue e a interpretar melhor o hemograma. É
um assunto ainda complicado para os demais profissionais da saúde que não se
correlacionam diretamente com a prática do hemograma quanto aos pacientes, por
tanto para maiores dúvidas e esclarecimentos deixo o meu e-mail a baixo,
lembre-se após realizar o hemograma procure o seu médico ou peça esclarecimento
a um biomédico ou farmacêutico bioquímico.
Por: Bruno Ricardo S. dos Santos
Bacharelando em Biomedicina
Membro do Projeto e Extensão Saúde do Homem
Faculdade Nobre de Feira de Santana